Grêmio e Inter neste 2010 sofrem de problemas parecidos: se enganam com aquilo que acontece dentro de sua própria casa, tal qual o marido que vê na mulher prendada e caprichosa a razão de toda sua tranquilidade, e mal sabe que aquele curso de congelados que ela faz toda a terça é... bem, deixa pra lá.
Ontem assisti ao jogo do Inter, de olho do lateral Paulinho, do Novo Hamburgo, pretendido pelo Grêmio. Além de gostar do jogador pelo seu segundo tempo, vi também um Novo Hamburgo bem organizado pelo técnico, e lamentei a ruindade do atacante Gustavo que já não tinha condições de jogar no Inter, e agora nem pro Nóia ele serve.
Vi mais além: o Inter sofre, ao contrário do Grêmio, de um problema de desorganização tática. É um time de correria, do tipo vamos para cima e ver no que dá - ainda herança dos tempos da correria com qualidade que Nilmar proporcionava. Sobrou a correria de Guiñazu e Taison, essa sem qualidade nenhuma.
Mas o salvador do Inter de ontem também pode ser o andróide traidor, como em "Alien o 8º Passageiro": Abbondanzieri. Mas que goleirinho o Internacional foi arranjar. É um Lauro piorado com a idade do Clemer que fala espanhol. Ontem ele soltou quatro bolas de forma infantil - uma inclusive terminou em gol, bem anulado por impedimento. E o primeiro gol do Novo Hamburgo nasceu de DUAS cagadas consecutivas já no início do jogo. Primeiro, lanço mal a bola como tem feito desde que chegou ao clube: creio que foi Cléber que conseguiu recuperá-la na lateral e devolveu para o goleiro, tipo num aviso "tenta de novo. E aí veio a segunda patuscada de Pato: o passe mal feito para Sandro que fez uma falta digna de expulsão. O juiz aliviou a barra do volante colorado apenas com um amarelo. Na cobrança de falta, o gol.
Ao final defendeu um pênalti mal batido por Kempes. Fica essa imagem, fica essa memória. Mas o torcedor colorado deve estar alerta: para o amontado que esse time colorado se tornou, e para seu goleiro, que uma hora não será beneficiado por impedimento ou ausência de atacante alheio por perto.
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Já o Grêmio engana-se com esse recorde estabelecido de 15 vitórias seguidas. Bom, muito bom. De fato, gerou a expectativa de que ele será o campeão gaúcho, pois o Inter, além dos problemas que apresenta, tá lá preocupado com a Libertadores; Caxias e Novo Hamburgo, que se apresentavam feito David a Golias, estão fora da disputa: há, no caminho tricolor, apenas o Pelotas, o vencedor de São José x Inter SM e TALVEZ um, ou três Grenais.
Não está difícil.
Mas está tudo uma maravilha para os lados do Olímpico: eu penso que não. Silas insiste de forma bisonha em seu bruxinho Ferdinando, um dos piores jogadores de futebol que já vi em minha frente. E certamente o pior titular incontestável por parte do técnico.
Mas Ferdinando está longe de ser o pior dos problemas gremistas, que sem ele fica com proteção à zaga, marcação, antecipação, melhor saída de bola. O problema é como o Grêmio tem jogado: dando espaço para o adversário. O Votoraty veio aqui e tocou a bola com tranquilidade, teve maior posse de bola - e considere-se que o Grêmio foi o primeiro time da linha de cima do futebol nacional que os paulistas já enfrentaram. O maior até então tinha sido o Guarani de Campinas, que há mais de vinte anos não mete medo ou respeito em ninguém.
O Grêmio joga esperando os fracos adversários que enfrenta. E vence no contra-ataque, ultimamente decidindo o jogo nos primeiros vinte minutos e administrando o resto. E agora vem o Avaí, que já anunciam como um teste verdadeiro para o Grêmio - claramente superdimensionando o clube catarinense que, se está na primeira divisão, está apenas fazendo turismo. Hoje ou amanhã volta para seu lugar, a Série B.
O Avaí não pode ser parâmetro. O Grêmio só encontrará adversários á altura nas quartas-de-final, quando poderá pegar o Fluminense (pelo nome, pelo nome). E daqui a um mês, no campeonato brasileiro. Aí veremos. Mas ou o Grêmio muda, ou...
Uma hora vão cobrar essa conta, de Grêmio e de Inter. E aí?
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