quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Parabéns, Roth

O título de ontem conquistado pelo Sport Clube Internacional tem na figura de seu técnico, contratado em meio à Copa do Mundo depois da demissão do instável e inconfiável Fossati, o símbolo máximo!

Nada foi mais significante para o Inter nessa reta final que a presença de seu técnico na casamata. Um técnico que fora desprezado pelo Grêmio, há pouco mais de um ano atrás, após quatro sucessivas derrotas por 2x1 em Grenais, mesmo tendo seguido a cartilha evocada pela diretoria de prioridade à Libertadores.

Não bastou a Roth, na ocasião, ter classificado o Grêmio por antecedência à segunda fase da Libertadores, com a melhor campanha dentre 32 clubes. Ele carregava a imagem do fracasso, do cavalo paraguaio e das derrotas sucessivas nos grenais - a última, inclusive, passaram por seus próprios deméritos, diga-se a verdade.

Roth sucumbiu ao imediatismo, tentou a sorte novamente no Atlético MG e outra vez sucumbiu ao imediatismo do futebol. Pagou uma vez mais o preço caro de pegar um time desacreditado e fazê-lo acreditar. Fez o trabalho do mecânico que faz andar o carro enguiçado, mas que leva a culpa por depois o mesmo deixar de andar por falta de combustível.

Veio o acaso e a aparente loucura de Fernando Carvalho em contratá-lo como solução. "Ele é bom em tiro curto", diziam. Dizem. Tá mostrando que é, pelo menos nesse tiro curto em que comandou o Internacional em quatro jogos decisivos, com três vitórias e uma derrota.

A conquista colorada de ontem (leia-se a conquista de Celso Roth) é um duro golpe nos torcedores de futebol (no caso, os gremistas) que acreditam que o fim do mundo se assemelha a um vice-campeonato! Olvidam os mesmos gremistas que justamente a primeira conquista da América, não só do tricolor, mas de um time do sul do país, veio exatamente depois de um vice-campeonato - aquele de 1982, dolorido, com a roubalheira perpetrada por Oscar Scolfaro (ah, meu caro, o inferno te espera).

E mesmo assim, lembre quem puder: com as perdas em 1982 do Brasileirão e do Gauchão, o time que se desenhou desde 1978 sofreu sensíveis mudanças. Deixaram o clube símbolos como Leão, Batista, Paulo Isidoro e Baltasar! Mazaropi, Baidek, Osvaldo, Tita, Caio e César vieram somar para conquista a América em 1983.

Mas havia uma determinação, um projeto, uma certeza, um mesmo planejamento político. Não se destruiu a casa com o vice-campeonato. O mundo não acabava - pelo contrário, estava em vias de ser pela primeira vez conquistado por um exército gaúcho.

A história seguiu sendo contada e hoje temos dois bicampeões da América no sul do país. Rivalidades à parte, motivo de orgulho no bairro. Mas acima de tudo, ainda que restem ferozes e nem sempre racionais críticas a ele, Celso Roth, um mito do futebol brasileiro cai.

Parabéns ao Roth!

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

A primeira carta

Nada incomum, a frase "isso é do meu tempo" é recorrente entre os saudosistas, ao ouvirem uma música, relembrarem um filme, um comercial de tevê. E junto vem a discussão sobre as gerações: sou dessa ou daquela geração.

Estudiosos definiram a atual geração como a "y". A minha, que viveu a passagem da adolescência para a vida adulta nos anos 1980, se não me engano é a "x". O que me dá um certo medo, pois a aproximação do fim do alfabeto induz pensar que o apocalipse está perto!

Estou mais para a classificação de gerações conforme a reforma do ensino: meus pais são do tempo do Primário, Ginasial e Científico. Na minha época já era primeiro e segundo grau. Agora é ensino fundamental e médio! Sem falar na história que colocaram um ano a mais no primeiro grau, digo, no ensino fundamental.

Não acresceram a 9ª série, como seria de se pensar de imediato. Na verdade transformaram o pré-primário em primeiro ano, e renumeraram as oito séries seguintes.

O que tem dado uma certa aflição para pais, educadores e, consequentemente, crianças. Vejo pais de colegas de minha filha, que está com seis anos recém completos, apreensivos com o fato da escola ainda não estar alfabetizando os pequenos.

No caso da Helena, ela entrará na primeira série no ano que vem, quando completará sete anos. Ao que parece, o processo de alfabetização se desdobrará em dois anos, o que dá a entender que a coisa fluirá naturalmente. Dificilmente, penso eu, alguma criança passará à terceira série sem estar lendo e escrevendo na perfeição dos seus sete ou oito anos.

Mas tudo isso pra dizer que, inobstante o processo educativo, a baixinha já está ansiosa para diminuir a taxa de analfabetismo no país. Vem num processo constante de vontade de ler, de escrever. Pergunta sobre letras, identifica placas (as que têm seu nome escrito, por força de uma candidata a deputada, são detectadas com felicidade quando andamos pela rua).

E já escreve bilhetes, auxiliada por dicas das letras ou mesmo copiando, como foi o caso do bilhete abaixo, que ela escreveu para a professora perguntando o nome de um livro que ela quer que compremos pra ela. Note que abaixo do nome dela, naturalmente a anotação é da professora, dando a indicação do título do livro, autor e editora.

Fiz questão de escanear e tornar público esse feito. É algo tipo a primeira carta que ela escreve, daquelas coisas que guardaremos para lembrar esses momentos que não voltam.

Está aí, eternizado na web!

domingo, 15 de agosto de 2010

Fora mas por perto

Ando tão sem idéias. Na verdade com muitas idéias, mas algo do tipo sem saco pra escrever. "Prontofalei", como se diz hoje em dia - o "como se diz" é a desculpa para quem não acompanha o tempo. Quer dizer, acompanha, mas o tempo sacaneia. É isso: uma sacanagem do tempo. E assim me deixo ficar, cheio de idéias, sem nada escrever.

Eu volto.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Filme gastronômico

Meu interesse sobre gastronomia - que sempre existiu só que agora tá na fase intensa, digamos assim - tem me levado a ler sobre o assunto, como por exemplo o livro "Cozinha confidencial", do chef americano Anthony Bourdain, sobre sua carreira politicamente incorreta.

Também por esses olhos atentos ao assunto, nesses dias tirei da locadora o filme "Julie & Julia" (EUA, 2009, dir. Nora Ephron), que conta a história de uma frustrada americana que trabalha com sinistros de 11 de setembro. Julie Powel encontra em Julia Child, uma secretária que se tornou referência na gastronomia americana dos anos 1950 ao escrever um livro de receitas francesas para americanas sem empregadas, um desafio para a vida: se propõe a fazer todas as quinhentas e tantas receitas do livro em 365 dias, para isso valendo-se de um blog que acaba por se tornar visitadíssimo.

O filme é baseado em fatos reais, a partir do livro publiado por Julie Powell! Julia Child, uma mulher enorme de fala infantil é vivida no filme com maestria por Meryl Streep. Basta olhar no youtube os vídeos da Julia verdadeira para ver a perfeição com que Meryl interpreta o personagem.

Os pratos são apenas o pano de fundo da história, muito bem contada com cortes de tempo que revelam a similaridade entre as duas, embora não apenas cerca de 50 anos as distanciem! Gostei do filme porque não é fantasioso: algo real, como aliás é a própria vida. O fim não se desenvolve para os desenlaces bonitinhos de Hollywood, e isso pra mim em termos de cinema vale ouro!

Dá até vontade de cozinhar diariamente, mas para quem? E o custo disso?

Tô precisando arranjar um emprego de cozinheiro...

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Repetir ou interpretar?

Dizem que a bola pune. As rodas também, e a FIA (Federação Internacional de Automobilismo) - quando quer - mais ainda.

Schummacher por anos foi o cara. Hexacampeão de F1, imbatível, ninguém superava o alemão. Diziam que era pelo talento inigualável. Já eu, o "do contra", sempre com teorias próprias, dizia que era pelo carro inigualável. Rubens Barrichelo, da mesma equipe, não o superava. "Pé-de-chinelo", consagraram os imbecis do Casseta & Planeta e o homem médio repetiu em coro! De minha parte, obviamente, havia outra explicação: Rubinho NÃO podia ultrapassar o alemão, mas não por questões técnicas: decisão da equipe.

Nem o episódio (acho que foi) de 2002 serviu para que me dessem razão: Barrichelo era um traíra, alguém que não amava a pátria, um pé-de-chinelo mesmo, aquele blá-blá-blá todo que a mídia despeja e o Zé Povão aceita sem analisar. Pois Rubinho, que passou temporadas como coadjuvante de Schmmy, o único que podia batê-lo, estava proibido de fazê-lo. Por ordens da equipe.

Não por acaso, a mesma Ferrari que este ano mandou o incensado Massa (que até o momento não fez nada além do que Barrichelo já não tenha feito) dar licencinha porque o Alonso vinha voando. Abriu-se o debate sobre a ética na Fórmula 1. Muito pouco ou nada se falou sobre o Felipe, que bradou aos quatro ventos que deixa a equipe se um dia lhe disserem que ele é o número 2. Bem, se é o número 2 eu não sei, mas Alonso continua o superando.

Já em outro nível de conversa, Barrichelo fez ultrapassagem memorável em Schummacher - que se sabe lá qual motivo o fez retornar - na disputa pelo DÉCIMO lugar. Isso mesmo, décimo. Mas o Michael não era o máximo, não era o cara? Como está agora lutando pelo décimo lugar, e ainda precisando jogar o ex-companheiro de equipe contra a murada para nem assim garantir a posição? A FIA o puniu com a perda de 10 posições no próximo grid de largada.

E o fato, pela minha análise, só confirma que o hexacampeão era muito mais carro do que piloto. Naqueles anos, seria campeão quem a Ferrari quisesse. Querendo, teria gerado um brasileiro que poria Senna no bolso! Não quis isso, apostou no alemão - que faça-se justiça, já havia sido campeão por outra escuderia, se não estou enganado na Benneton!

Não é só aí que os fatos são interpretados. Acontece o tempo todo. Resta a nós, reles mortais, querermos nós mesmos interpretarmos o que nos é exposto, ou apenas repetirmos os dogmas. Eu escolhi a primeira opção

***

P.S. De volta, depois de um período não exatamente sem tempo, mas como ele mal administrado. E sem idéias, também. Dá um cansaço esse papo de interpretar!

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