domingo, 17 de outubro de 2010

Depois de tantos anos

Depois de tantos anos, por que escrever? Que motivos aparentemente vãos, juvenis, podem explicar as mais de duas décadas passadas sem que pessoas ou fatos saiam de nossa mente? Que mágica, que cruel destino se cumpre a memória rebatizada diariamente para pensar, repensar, filosofar, rememorando detalhes que se não são reais são fantasiados a partir de um sentimento que outrora fora verdadeiro? Como se explica a poesia, a literatura e aquilo tudo que eu acreditava ser a palavra que sempre pode soar como piegas, mas que se pronuncia em quatro letras, muitas vezes banalizada, outras superestimadas. Amor é definição que se vive e agora penso mesmo que somente com o distanciamento suficiente de uma geração inteira ele pode ser identificado.

Outros amores foram e são vividos, paixões vieram e ficaram, sentidos, sensações, meras vontades e milhares de tesões, se assim se podem dizer: acertos, erros, tentativas, escapadas, perdões, pecados, sonhos, pesadelos, verdades, mentiras, acasos, coincidências, ocasos, caminhos, atalhos, becos sem saída, estradas sem fim, trilhos, retas, curvas, quedas, socos, braços, beijos, carinhos, abraços, decepções, orgulhos, tristezas, depressões, euforias, dias, noites, madrugadas, insônias, vantagens, desvantagens, dinheiro, miséria, cansaço, dor, angústia, temor, insanidade, racionalidade, aspereza, certeza, dúvida, inércia: foram tantas coisas que passaram e tiveram tantos significados – todas eram minhas, o mundo que eu vivo, o que percebo, o que sinto, pressinto, o que intuo, aprendo, desaprendo, erro: assim se faz uma vida que continua sendo vivida.

Mas como se diz, relembrar é viver, e impossível sem evocar tantos sentidos como os enumerados e muito mais, potencializados, ampliados, verificados numa tela de cinema para poder outra vez mais sonhar. Voltar no tempo e redescobrir o que não tinha sentido e passou a ter, ou o que tinha e se perdeu completamente. Hoje não é amanhã e ontem nunca foi o presente: adentro numa sala onde fantasmas – do bem e do mal – estão prontos para me receber.

Escolho a primeira pessoa nesse meu discurso insano. Sou eu, não é outro o que viveu o passado, embora tantas vezes parece. Eu, tu, ele: iremos navegar num mar incerto, sem bússola, sem diário de bordo. Barquinho que um dia poderia ser transatlântico. Mas e o iceberg?

Vou então numa viagem, seja por ar, por terra, por mar. Não escolho os meios, proponho-me à deriva – por onde quiser essa revisita me levará. Sem medos, sem escolhas. Que eu perceba tudo isso.

Estou aqui, evocando meus próprios temores – mas sem medo. A coragem advém da certeza de que a hora é agora.

Sempre foi, é.

Nada ou tudo a ver

Meio mudo porque estou mudando, em rota de mutação. Para algo melhor, penso eu. Se não for, não era, se não for não vai: fica assim.

---

Tá, começou o horário de verão. Tanto faz. Quando eu era bancário e saía exatamente às 18h15 do trabalho (com o tradicional "clanc" do relógio-ponto), até que era legal: atravessava a Redenção, chegava no Promenade e dava tempo de tomar um chimarrão com o pessoal (Paulo, Sílvio, Ivan, Márcia, Lola, Elenara, que turma boa) antes do anoitecer.

Mas passou, como tudo passa na vida. Tem gente que odeia, tem quem adore. O horário de verão - na verdade HORA brasileira de verão - é meio assim PT, uma luta entre extremismos! Ame-o ou deixe-o.

Como eu disse: tanto faz.

---

E alguém reclamando "mas quando o calor vai vir?". Talvez novembro-dezembro-janeiro-fevereiro-março de uma Porto Alegre escaldante não seja suficiente. Verão só é bom na praia, e olhe lá! Bom, tem gente que não se importa em destilar o dia inteiro no intenso labor. Vai de cada um.

A vida é feita de dicotomias, afinal: Grêmio ou Inter? Noite ou dia? Senna ou Piquet? Dilma ou Serra? Praia ou serra (de novo?)? Etanol ou gasolina? Vinho ou cerveja? Churrasco ou lasanha? Beijo na boca ou... bem, deixa pra lá, o beijo tá ótimo - se não for ótimo, não é beijo!

Enfim.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Rapidinha de hoje: não aguento mais ouvir falar em Marina

É só eu ou já não dá mais pra se ouvir falar em Marina Silva?

A conservadora e evangélica candidata do Partido Verde, petista histórica, assenhorou-se de todas as virtudes do mundo político num discurso bonitinho que, tirante a maquiagem que lhe foi dado, é tão cansativa ou mais do que o do PSOL, último bastião da moralidade na política brasileira.

Só que agora seus vinte milhões valem mais do que se ganhasse um real por cabeça - só a CPMF disso já me serviria. Serra pulou na frente para dizer que está com 51 % da preferência nas pesquisas (só que sobre os eleitores da verdinha Marina, insuficientes para suplantar Dilma).

Ambos gracejam gentilezas em direção a Marina. O CQC da Band (segundas, 22h) bem registrou isso.

Aliás, poderíamos cancelar o Jornal Nacional como programa oficial dos brasileiros e trocar pelo CQC - para quem não conhece, um "Pânico" feito por pessoas com cérebro, literalmente.

Pode apostar que bem menos "tiriricas" dariam-se bem por aí.

Ah, e que me perdoem as Marinas (as demais)!

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Eu desisto

Que eu tenho mania de aparecer não é novidade pra ninguém, muito embora até tímidos (como eu) têm blogs. Muitas pessoas manifestam-se de forma maravilhosa por escrito. Já oralmente...

Bem, além dessa mania de querer aparecer (mas não a qualquer custo), também tenho o hábito de me vangloriar, muitas vezes por questões que não afetam a minha vontade. Por exemplo: dia desses tava me gabando de nunca ter tido problemas com caixas eletrônicos, que os utilizo há 22 anos e blá blá blá. Pois bem: não é que numa sexta-feira às cinco da tarde (tinha que ser exatamente nesse horário), ao retirar dinheiro de um caixa 24h no forum, a máquina engole R$ 50 meus? Pois é, eu que me vangloriava tanto já não poderia mais (fui prontamente ressarcido na segunda, mas fica o registro da perda dessa "invencibilidade".

Como não aprendo nem comigo mesmo, também estava eu botando banca que não pegava resfriado há quatro anos. Pá-pum, e o resfriado fez-se no corpo: sexta, sábado, domingo, segunda muito mal, terça de feriado melhorando mas um mau jeito nas costas deixou-se quanse sem poder me mexer, e cá estou eu na quarta, ainda meio grogue, procurando sentido nas coisas do dia-a-dia. Não podia dessa vez ficar quieto, ou pelo menos lá na quinta-feira ter levado o tal "casaquinho" para a aula à noite?

Sim, agora tenho aula à noite. Escola noturna. Para ver se aprendo algo, pois como dizia Taiguara, "eu desisto, não existe essa manhã que eu perseguia"!

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Eleições 2010

Cresci em casa politizada, portanto não sei me omitir quando o assunto é eleições - ao contrário de muitos por aí, votaria com gosto mesmo que não fosse obrigatório. Mas quantas coisas se faz por aí somente porque somos obrigados a ela?

Mas como por enquanto ainda acredito que o voto é o exercício da democracia, da liberdade, do poder de escolha, da participação no processo político e toda aquela ladainha que mais parece as aulas de Moral & Cívica dos anos 1970, sigo escolhendo meus candidatos e acompanhando tudo o mais que cerca isso que - dizem - é a festa da democracia.

Os resultados não me surpreenderam: Tarso venceu em 1º turno com folga, duas eleições depois que os gaúchos cansaram do voto anti-PT para eleger políticos "alternativos" de legendas nem tanto!

O PSOL pagou o preço daquilo que acredita: sem alianças, sem costuras, conxavos, panelinhas, encontros furtivos e política do me-dá-que-é-meu, baseado do discurso de que a virtude é exclusiva deles. Ajudado, claro, pelo fato dos meandros judiciários não terem dado azo às denúncias (não se sabe se comprovadas ou não) contra a Governadora do Estado. É um partido que deverá repensar sua própria existência!

Dilma já se anunciava que não alcançaria a vitória sumária, embora esteja bem perto dela e a menos que algum fato político, plantado ou não, modifique o panorama e a própria fauna e flora eleitoral, sua eleição deve se confirmar em 31 de outubro sem maiores sobressaltos. Um pouco também porque Serra é o verdadeiro picolé de chuchu!

Afora isso, Tiririca se constituiu no absurdo, não mais de si mesmo, mas do eleitor que, seja porque descrente ou seja por imbecilidade extrema, votou de forma atordoadora nele. São 1,3 milhão de paulistas, sejam retirantes nordestinos, gaúchos inflitrados, paranaenses perdidos ou corinthianos fumados. Se faltou bom senso ao eleitor na hora de votar como protesto, o próprio acaso talvez resolva essa questão com o provável analfabetismo do deputado federal eleito. Falha do sistema que só percebeu isso agora.

Sim, o sistema: ele sempre falha. Num país que tem o sistema de apuração de votos mais avançado do mundo, tiriricas vão da tevê ao parlamento fazendo chacota de um Brasil adolescente!

---

No último trimestre de ano, uma pequena guinada para a esquerda para retomar o rumo, já pensando não só 2011 como 2012, 2013... Avisos e exemplos não me faltaram, mas é só uma questão de corrigir a rota!

Pesquisar este blog

Powered By Blogger