terça-feira, 15 de março de 2011

Apertem os cintos, o motorista fugiu!

Os acontecimentos recentes em Porto Alegre - e digo Porto Alegre porque há acontecimentos MAIS recentes e MAIS graves dos que eu vou citar aqui, sem dúvida o tsunami e terremoto no Japão e o alagamento em São Lourenço do Sul - colocam mais uma vez em cheque os motoristas de veículos automotores de Porto Alegre.

Primeiro foi o lunático que fez um "strike" nos ciclistas na José do Patrocínio; depois, com a mídia já dando maior destaque e importância a esse fato, pelo menos mais três ciclistas foram atropelados na cidade. No caso do sr. Neis, atribui-se a distúrbios de comportamento; no último caso, seria um foragido do sistema penitenciário; em nenhum deles, anuncia-se, são as pessoas ditas "normais", ou seja, dá a impressão de que não é comigo, nem contigo nem com os nossos, pois não somos loucos tampouco irmãos Metralhas.

Mas aí é que nos enganamos, sempre com aquela visão de que as coisas acontecem com os outros. Já me envolvi em atropelamento em Porto Alegre e não é nada agradável para nenhuma das partes, posso afirmar isso. No meu caso, felizmente não teve maiores consequências, a não ser o fato dos atropelados - seriam dois - estarem na justiça pleiteando indenizações na casa da centena de milhares de reais.

Aqui parto para o contra-senso, a visão que foge da ideia comum. Nos compadecemos dos atropelados como únicas vítimas do evento, repousando sobre ela toda a virtude. Ciclista ganhou um estatus de intocável: pode transitar nas vias urbanas sem cumprir qualquer legislação de trânsito, mas ai de quem encostar em sua excelência o ciclista - tudo porque direcionou-se toda a responsabilidade para o motorista do carro (e do caminhão, e do ônibus). Até motociclista, com suas imprudências à direita dos veículos, estão protegidos pela virtude da hipossuficiência - embora esses possam ser multados, ao contrário dos ciclistas e pedestres que podem cometer os maiores desatinos no meio do trânsito que serão, no máximo, vítimas.

E o pensamento, através dos fatos que passam a ser distorcidos, passa a ser extremamente maniqueísta!Tanto que os recentes atropeladores têm distúrbios de conduta ou são foragidos do sistema prisional!

Embora a cidade necessite de espaço para os ciclistas, não é aí que está toda a virtude. A vida real, ao contrário dos filmes de John Wayne, não tem, necessariamente, bandidos e mocinhos. Sempre ver todos os lados de uma mesma situação, sem definições pré-concebidas, é o princípio básico de uma sociedade justa.

Algo para se pensar, sempre.

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