domingo, 13 de março de 2011

Livros de tribunais

"O primeiro ano - como se faz um advogado" (The One L) foi o primeiro livro publicado pelo advogado e escritor norte-americano Scott Turrow - abrindo caminho para outros livros seus de sucesso como "O ônus da prova" e "Acima de qualquer suspeita", este levado às telas tendo como estrela Harrison Ford.

Lançado em 1977, é um misto de seu diário revelando seus primeiros passos na festejada faculdade de Direito de Harvard, na cidade de Cambridge, Massachussets. Turrow ingressou no curso em setembro de 1975, para sair três anos depois, tempo de duração do curso.

O relato impressiona pela forma como os estudantes estreantes - os "1L" (one level, primeiro nível) - são jogados à jaula das feras: aulas pelo método socrático em que os professores massacram os alunos com todo o tipo de pergunta sobre a causa em estudo. Como o direito é nos Estados Unidos, o aprendizado ali também é consetuedinário. Traduzindo: o direito se faz através do estudo de causas. Não há milhões de leis para regrar a vida, como no nosso direito. Tanto é que a Constituição deles tem, se não me engano, apenas sete artigos (contra mais de trezentos da nossa). Sim, lá também há as emendas!

Comprei esse livro lá por 1991, quando andava perdido no meu curso na PUC - entrei em 1988, saí em 1995, para se ter uma idéia do perdido. Por muitos anos quis escrever o mesmo, mas não encontrava o fascínio no meu dia-a-dia na faculdade sequer parecido com o narrado por Turrow - que, evidentemente, alterou nomes, misturou personalidades e sem dúvida nenhuma agregou elementos de ficção - talvez aí a chave para a coisa funcionar. Mas e a criatividade e inspiração.

Poderia fazer algo parecido. No caminho aberto por Turrow, Jonh Grisham com menos talento mas mais proficuidade, publicou inúmeros livros sobre o universo jurídico, e ganhou milhões vendendo seus direitos para Hollywood - Dossiê Pelicano, O Homem que Fazia Chover, A Firma, dentre outros. Um de seus últimos, "O Recurso", é uma forte crítica ao sistema judiciário norte-americano.

Existem algumas publicações sobre o mundo jurídico no Brasil. Não muita coisa. Aqui no sul um saudoso jurista de Cachoeira do Sul publicou "Por que acredito em lobisomens", um relato de impressionante imbróglio jurídico envolvendo o espólio deixado por uma senhora que teve contornos imprevisíveis e desfecho lamentável, fazendo o autor acreditar até em lobisomen.

Pensei várias vezes em me aventurar por essa seara. Quem sabe não está aí a chance de se divertir escrevendo e faturar uns reais? Será que as histórias de tribunais tupiniquim pegam? "Causos" não faltam!

Mas não existem "best-sellers" na linha de Turrow e Grisham. Pensei diversas vezes em preecher essa lacuna. Quem sabe um dia.

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