quinta-feira, 8 de julho de 2010

Um pouco mais da deforma da lei

Embora eu não devesse, voltei a assistir a um episódio do irreal "Na forma da lei", exibido pela Rede Globo nas terças à noite (logo após o fraco e ultrapassado Casseta & Planeta).

A bobabem parece não ter fim, e a capacidade do roteirista e dos (péssimos) atores em cena também não. Numa cena de Tribunal, advogado, juiz e promotora encenam de forma tão ridícula que não há licença poética que explique!

Aliás, nesse "rumoroso" caso seguido pela promotora vivida pela Ana Paulinha Arósio parece não haver nenhum incidente de suspeição: os causídicos são amigos pessoais desde os tempos acadêmicos e trabalham sem nenhum tipo de constrangimento em processo nos quais estão envolvidos emocionalmente.

A cena em que a Arósio interroga réus - numa dramaticidade de novela mexicana copiada dos filmes de tribunal americanos - é hilária. Por igual, ninguém avisou o Antônio Calmon que não existe no sistema judiciário brasileiro a "plea bargin", que significa a possibilidade do réu, declarando-se culpado, ter sua pena reduzida. Isso vem direto e reto do sistema americano, mas quem se importa?

Fosse as mancadas jurídicas do roteiro o pior da série, menos mal. Ela em si é muito ruim, muito fraca. Os diálogos são extremamente forçados e óbvios. Os atores então, na sua maioria, é de fazer qualquer um chorar!

E ainda tem a cena em que o juiz e a promotora invadem a casa do advogado amigo que irá defender o réu: "Mas ele é um assassino", brada a Aninha Paula, como se algumas pessoas não fizessem jus a nenhum tipo de defesa! E claro, o advogado é o cara fraco, bunda-mole, cuja mulher gasta demais no cartão de crédito e ele precisa de dinheiro para pagar os caprichos da esposa! Nada mais machista!

O pior é ofender a inteligência do espectador: enquanto um processo por aqui leva ANOS para ser julgado, no seriado ele não leva mais do que algumas horas - tudo bem, aqui entra a tal licença poética, pois do contrário os personagens iriam estar velhos em poucos casos - sem falar naquela eterna impressão de que eles só trabalham NAQUELE processo.

Não sei se não seria o caso de uma OAB da vida se manifestar a esse respeito. Talvez fosse de bom tom uma nota, no início de cada episódio, dizendo que os casos são fictícios (tal qual no Lei & Ordem) e que as cenas "judiciárias" contém licenças poéticas! Confesso que me senti ofendido com a demonstração de advogados corruptos, mercenários e bunda-moles! Mas como não dá pra fazer novelas e seriados só com gente boazinha...

2 comentários:

blog da Paraguassu disse...

Ah! Rodrigo, tu também é um baita amigão, heim? Deixamos de assistir a este programa, porque após a leitura da tua postagem anterior ref. ao assunto, tivemos a mesma impressão do dito. Agora, dizes que voltastes a ver a "Deforma da Lei". Realmente, a justiça nesse seriado é fora de série. Age a mil e as falas são medíocres, tal qual a atuação dos atores, sem falar nos demais escorregões nos episódios.
Até mais, bjs. a todos.
Tasso e Maria.

Rodrigo Mizunski Peres disse...

Esse é o nosso ônus, nós, os formadores de opinião! hehehehe

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