sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Escrever, criar, mentir

Feira e Oficina

Não resisti e ontem voltei à Feira do Livro. Gastei mais alguns tostões com obras de autores locais em balaios. Acabei encontrando um livro que procurava ("Oficina de Criação Literária - Um olhar de viés", de Berenice Sica Lamas e Marli Marlene Hintz), na banca da EDIPUC, que - por óbvio - trata da oficina de criação literária do Prof. Assis Brasil.

O livro relata as impressões de duas alunas no processo criativo. Muito bom para entender o funcionamento da mesma, e dá sede de participar dos exercícios propostos. Alguns dos quais eu já fiz em contos que escrevi, no entanto sem saber que eram didáticos de oficina de criação.

Bom saber que não estou muito longe dos exercícios criativos.

No ônibus

Vim lendo esse livro na manhã de hoje, a caminho do trabalho, no ônibus. A parte boa de não estar de carro - creio que a única. No primeiro exercício, de contato com os participantes da Oficina, o aluno é instado a escrever, em primeira pessoa, um texto de apresentação daquele que está exatamente à sua frente. Dá-se um nome, características, um história, para depois se comparar com a verdadeira.

Li isso e vim pensando secretamente nas pessoas que estavam dentro do T7 - e são tantas histórias que muitas vezes podem se entrelaçar sem sabermos. Pensei em um conto com quatro ou cinco vozes dentro de um coletivo, com as histórias tendo seu ponto de visão em comum, mas mantendo cada uma sua particularidade.

Sempre gostei de histórias assim. Tem um filme chamado se não me engano de "Beco dos Milagres", que retratam diversos fatos sob diversos ângulos, sempre fazendo uma costura entre as diferentes histórias que nada tem em comum. Socorro-me do sempre eficiente IMDB para localiza-lo, pois apenos recordo da participação de Salma Hayek: chama-se "El Callejón de los Milagros", produção mexicana de 1998.

Outro filme que citei aqui dias desses, "Antes que o Diabo Saiba Você estará Morto", faz a mesma coisa. E outros tantos exemplos haveria de citar.

Na literatura, lembro sempre da novela "Dodecaedro", de Caio Fernando Abreu, onde doze fragmentos e vozes contam, sob diferentes prismas, a realidade fantástica de estar numa casa cercada por cães.

São experiências válidas para chegamos ao objetivo maior que sempre parece ser apenas escrever, e que nunca é tão simples assim.

O menino mentiroso

Hoje admito sem maiores medos: quando menino, fui um dos maiores mentirosos que se tem notícia por aí. O problema era que minha irmã do meio estava sempre por perto, e aí era sempre mais complicado mentir. Mas quando livre da intervenção daquela que me desmascarava, não demorava muito para eu soltar uma lorota!

Depois aprendi que o escritor pode ser o mentiroso de outrora. Pelo menos o meu lado escritor. Se tantas vezes imaginei realidades paralelas, fatos divorciados da realidade, por que não traze-los para o papel - ou para a tela do computador - e viajar nesses delírios mentirosos que são tão inocentes e inofensivos quanto aqueles de minha infância?

De qualquer jeito, já peguei minha filha Helena, de cinco anos, mentindo. A cara preparada é algo indescritível!

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